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Channel: O Mundo da Alfabetização
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A arte de ensinar crianças e adultos

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Uma das maiores transformações para uma criança é a entrada na escola. A primeira escola deixa marcas para toda a vida. A primeira sala de aula, a primeira professora. A hora do lanche, do recreio, novos amigos e o início de uma responsabilidade que vai durar parte da vida produtiva, que é o aprendizado escolar.



 Ensinar crianças talvez seja uma profissão que esteja na lista das que mais se exige dedicação porque além dos assuntos pertinentes a cada fase e classe, o papel da professora de ensino infantil se alarga também para outros campos. É que ela participa também da formação educacional e pessoal da criança em fase de crescimento, é o professor de ensino infantil que representa um modelo da figura adulta que não é pai e nem é a mãe.



E pessoas que escolhem fazer uma faculdade de pedagogia por exemplo, desenvolvem o gosto por este universo de mútua instrução, não só passar, mas receber conhecimento. Paulo Freire disse sabiamente que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.



A pedagogia inclui uma metodologia que habilita o profissional a exercer a educação infantil, fundamental, orientação educacional e também supervisão e direção escolar.



Usualmente a vocação profissional ou o perfil de um candidato a esses cargos requer uma ligação com atividades de supervisão e desenvolvimento de projetos de ensino, um olhar voltado ao coletivo e individual, já que exercita a orientação de professores e educadores dentro de uma escola, além do gosto pelo universo instrutivo do saber.



Com a tecnologia e as mudanças nas formas de realizar atividades, o curso de pegagogia tem crescido também na modalidade a distância, metade dos matriculados neste curso são alunos de EAD, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Porém, a maioria já tem alguma ligação com a área antes mesmo de iniciar.



Diferente do que muitos pensam, esses cursos não são mais fáceis do que os presenciais. A parte escrita é mais exigida porque há uma demanda maior já que tem menos a comunicação oral, como nos cursos presenciais, de acordo com a docente da PUC-SP, Maria Elizabeth de Almeida.



De qualquer forma, o pedagogo que escolhe se dedicar ao universo infantil de ensino, desempenha o talento de lecionar e dar oportunidade de criar pessoas melhores. Desperta o prazer do conhecimento em uma fase de formação, que servirá para o futuro não só do aluno mas da sociedade.

Brincando de Ensinar

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Não há maneira melhor do que ensinar as crianças pequenas do que através de brincadeiras. E os pais podem brincar de serem os professores. São muitas formas de construir essa ligação em família.


Através de exercício de arte você pode deixar fluir a criatividade deles. Encoraje os desenhos, faça elogios e não critique se a criança pintou um cavalo de verde ao invés de marrom. É importante frisar que aquele pedacinho de arte, é um trabalho deles e não seu, então é louvável deixá-los livres para usar a imaginação.


Ajudar a construir a auto-estima da criança desde cedo é definitivo para a vida adulta. Através de um simples desenho, é possível valorizar o que a criança faz. Se a pintura não parece com nada que você viu em vida, ao invés de dizer espantado: “O que é isso?”, é melhor dizer: “Conte sobre seu desenho, estou curiosa.”


Mesmo que você não tenha tempo, o tempinho disponível deve ser valorizado e rico. Criança adora diferentes texturas, comprar tintas, pinceis, colas e “pintar o sete” junto com os filhos pode resultar em momentos mais valiosos do que uma tarde inteira em um shopping.


Outra maneira de exercitar o aprendizado com os filhos é através da leitura. Não há momento melhor do que um filho ou filha ouvir uma história contada pelos pais antes de dormir. Por mais que o cansaço assuma a maior parte do tempo, um leitura estabelece uma ligação forte entre a criança e quem ler para ela. A voz, a entonação, as gravuras do livro, o enredo, as personagens, tudo fica na memória. Quem não tem um livro que marcou a infância?


Esses momentos são também definitivos para investir no gosto pela leitura. Montar uma pequena biblioteca no quarto, incentivar visitas a bibliotecas e livrarias também é válido. A leitura constante só traz benefícios, enriquecimento de vocabulário, fluência na fala, além de uma escrita mais correta.


Incentive também seu filho a montar ou criar seus próprios livrinhos, colagens de gravuras, recortes de revistas, tudo é permitido para abrir espaço para a criatividade, valorize o resultado e exponha em um lugar especial da casa.


Criar histórias juntos e fazer parte delas, qual criança não gosta? É um momento também de exercitar temas como educação, respeito e obediência a regras. Brinque de dirigir e explique sobre como transportar crianças em um carro com segurança, brinque de fazer comidinhas e explique a importância de uma alimentação saudável e por que durante a merenda escolar é melhor levar uma frutinha de casa. São infinitas as alternativas.



Você brinca com seus filhos?

Como escolher as melhores férias para os filhos

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Com o fim do primeiro semestre o assunto que mais está nas conversas das crianças são as férias. Tempo para deixar de lado as preocupações escolares, de relaxar, acordar mais tarde e sair um pouco da rotina, é o que os pequenos mais desejam depois de meses de atividades, semanas de provas e boletins.

Mas quais seriam as melhores férias? Será que existem as férias ideais? Bem, nos tempos atuais o primeiro pensamento é com o bolso e o que é possível fazer para que algumas semanas não prejudiquem o orçamento familiar. A primeira tarefa é saber usar o tempo, ou seja, planejar. 

É importante a criança saber da necessidade desse planejamento e que às vezes é necessário economizar antes, para poder usufruir depois. De acordo com a idade, a criança pode ter uma noção de administração do dinheiro e saber que tudo precisa de organização. Saber que muitas vezes uma viagem não será possível, mas que é também legal passar as férias em casa e buscar diversão com as coisas que o cercam.

Para os que estão mais folgados e podem usufruir de dias distantes de casa, vale a pena sempre procurar locais que ofereçam não só entretenimento para a criançada, mas também segurança. Hotéis fazenda ou pousadas em regiões praieiras são ótimas opções quando se viaja com os menores.

O ar livre e a possibilidade de vivenciar uma atmosfera de descanso já muda a rotina da família. Nosso país tem uma costa muito rica e certamente muitas opções de praias e ótimos destinos para viajar com as crianças. Nunca esquecer da proteção solar para não causar queimadura na pele e de evitar longas horas sob forte sol em horários de grande radiação de raios ultravioletas.  Caso a viagem seja para mais distante como outro país, não esquecer o seguro viagem, importante para assegurar a família em caso de imprevistos.

É necessário saber os detalhes dos serviços do local escolhido. Hotéis que tenham programação, jogos, gincanas infantis com recreadores são bem disputados porque deixam os pais um pouco mais confortáveis já que as crianças vão sempre estar ligadas a atividades com outros hóspedes mirins.

Mesmo nas férias não deve ser descartado um horário para leitura, antes de dormir um livro ou historinha em gibis pode ser uma boa dica, nesta época a cabecinha das crianças estão mais descansadas e uma leitura é indicada também para não se desligar completamente desse tipo de atividade.


Quais as férias preferidas do seu(sua) filho(a)?


De cara nova!!!

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O Mundo da Alfabetização está sendo reformulado e, a partir da segunda quinzena de Julho teremos muitas novidades.
Novos artigos, novas parcerias e muitas ideias bacanas estarão por aqui.

Para começar, relançamos o DVD de Atividades (mais de 3000 atividades para crianças de 5 a 7 anos envolvendo todos os conteúdos) com um precinho super especial.

Para maiores informações, entre em contato preenchendo o formulário que se encontra no lado direito do Blog.

Aguardo vocês!
Abraços
Tatiana


Origami

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História e benefícios para a Educação



Desde a invenção e o aperfeiçoamento do papel, os povos buscam diferentes maneiras de manipulá-los. Uma dessas maneiras é a arte de dobrar o papel, chamada de Origami. Essa técnica é originaria da China, mas foi no Japão que o origami realmente se popularizou e hoje já é considerado um patrimônio da cultura japonesa.

As primeiras instruções de como se fazer um origami só chegaram aos livros em 1797, antes disso a tradição era transmitida de mãe para filha. O primeiro livro sobre origami chamava Como Dobrar Mil Garças e foi a partir dele que a técnica do origami se difundiu; já em 1876  o ensinamento do origami passou a ser matéria obrigatória nas escolas japonesas.
arte do origami começou a ser difundida no século VIII, quando os mouros trouxeram a técnica até a Espanha. Como a religião dos mouros proibia a criação de qualquer figura simbólica, eles usavam a técnica do origami para estudar geometria.
Os diferentes tipos de símbolos construídos através do origami têm seu significado especial, por exemplo, o tsuru que é a garça, representa boa sorte, felicidade e saúde; a tartaruga quer dizer longevidade e o sapo representa o amor e a fertilidade. A lenda do origami ainda diz que quem fizer mil garças terá o desejo alcançado.
Os benefícios de se praticar e aprender o origami vão além do fato da criança e do adulto estudarem profundamente as formas geométricas e verem quantas possibilidades de símbolos podem ser formados em cada pedaço específico de papel. O origami é muito usado por quem está ainda aprendendo matemática; é um meio lúdico muito utilizado para que a criança se familiarize rapidamente com as figuras geométricas e aprenda as noções básicas de medidas.
Quem aprende origami consegue desenvolver as habilidades motoras das duas mãos, já que são necessárias o uso conjunto delas para se formar alguns símbolos; desenvolve as habilidades intelectuais e a criatividade usando todos os hemisférios do cérebro; desenvolve a memória, paciência e a atenção,  já que as regras precisam ser seguidas a risca.
No origami, enquanto as mãos se movimentam ativam os dois lados do cérebro. As zonas do tato, motora e visual estão em atividade e os sentimentos são de satisfação, orgulho e alegria ao completar uma dobradura. Outros benefícios do origami são: desenvolvimento da inteligência espacial, atenção, paciência, memória e imaginação.
Por tudo isso o origami é importante em qualquer idade e é indicado para todas as pessoas que gostam de desafios, para aqueles que querem aprender alguma coisa nova, que amam a beleza e para todos aqueles que gostam de trabalhar com as mãos.
Além de todos esses benefícios, o origami pode ser usado na educação, no desenvolvimento pessoal para ativar a criatividade, a memória, a paciência e desenvolver a auto estima. Também é usado em algumas terapias, como uma ferramenta especial para aquelas pessoas que tem problemas de articulação nas mãos.
E além de todos esses benefícios, a pessoa que trabalha com origami desenvolve o orgulho próprio e o sentimento de ela mesma ter conseguido a proeza de formar um símbolo sozinho; isso faz com que ela queira se aperfeiçoar constantemente.
Deixo alguns modelos de origami simples e que as crianças amam!




















Se você quiser outros modelos, basta acessar o marcador "Origamis" que se encontra no lado direito.
Abraços
Tatiana

Quer decorar sua sala de aula?

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Entre em contato e peça o seu orçamento!

Como escolher a pré-escola do seu filho

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Apesar de ainda não ser obrigatória no Brasil, a Educação Infantil é reconhecida como uma das fases mais importantes da vida escolar de uma criança. Quando bem estimulada, a criança consegue avançar em todas as esferas do desenvolvimento, obtendo ganhos na aprendizagem, na sua capacidade motora, na forma de se relacionar e de trabalhar emoções e sentimentos. Tantos são os benefícios que muitos pais ficam apreensivos na hora de escolher uma pré-escola ou creche para o seu filho, e começam a acumular dúvidas. 

Por que é importante matricular meu filho na pré-escola?

Porque a pré-escola é um espaço de trocas, de aprendizagem, de constituição de identidades e de inserção sociocultural. Frequentar pré-escolas pode ajudar as crianças a se desenvolverem nas suas dimensões motora, sensorial, emocional, cognitiva e socioafetiva. De acordo com pesquisas nacionais e internacionais, crianças que frequentam uma Educação Infantil de qualidade obtêm ganhos em todas as áreas do desenvolvimento humano. Angela Soligo, coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, em Campinas, lembra: "Na Educação Infantil a criança está em um espaço que é preparado para a sua educação, sendo estimulada de acordo com a fase do seu desenvolvimento".

Como são os professores da pré-escola?

Gostar de criança e saber cuidar dela é importante para um profissional da Educação Infantil, mas só esses requisitos não bastam. O professor de hoje em dia precisa ter preparação e formação adequadas. Ele precisa ter um bom curso de pedagogia e participar, com frequência, de cursos de capacitação, por meio dos quais ele possa atualizar o seu conhecimento. Segundo Cristina Carvalho, professora da Faculdade de Educação da PUC-Rio, no Rio de Janeiro, o professor precisa dominar teorias do desenvolvimento humano que ajudam a compreender a lógica infantil, as necessidades e especificidades da criança. Ao visitar uma escola, peça para conhecer um professor e conversar com ele. Veja como ele se expressa, como ele apresenta seus métodos de trabalho e também como ele se relaciona com sua turma. Uma dica da pedagoga Adriana Oliveira Lima é observar se a professora olha para todas as crianças e se tem uma relação verbal com elas todas (em vez de centralizar sua atenção em apenas algumas). Repare também se as crianças recorrem à professora, se a procuram, se existe ligação entre elas.

Como deve ser a estrutura da pré-escola?

Eis uma questão central para qualquer pré-escola: o espaço físico oferecido às crianças. Este espaço precisa ser amplo, seguro e com diversidade de ambientes internos e ao ar livre para permitir a realização de diferentes atividades. Além desses detalhes, os pais também precisam ficar atentos às condições de higiene e de limpeza dos ambientes, principalmente do refeitório. Procure saber se as refeições são preparadas lá mesmo e o que costuma ser servido. Para crianças de até três anos é interessante que a escola ofereça ambientes para descanso. Confira se este espaço é tranquilo, limpo e arejado. Preste atenção também à segurança oferecida. Há muitas escadas? A criança consegue circular tranquilamente? Os pequenos transitarão entre crianças maiores? Também é interessante que a pré-escola tenha hortas e um lugar com alguns animais, para a criança desenvolver o hábito do cuidar, do cultivar. A pedagoga Adriana Oliveira Lima dá uma dica aos pais: "Ao visitar uma escola, procure sentir se aquele é um ambiente onde se aprende, e não apenas recreativo".

Que materiais pedagógicos não podem faltar em escolas de Educação Infantil?

Não podem faltar materiais simples, mas que ofereçam boas possibilidades de trabalho, como blocos lógicos e outros blocos de encaixe, material dourado (recurso pedagógico para trabalhar a matemática) e muitos livros. Maria Claudia Sondahl Rebellato, assessora pedagógica em Curitiba, PR, acha essencial que toda sala de aula tenha cantinhos de leitura com gibis e livros ao alcance de todos. Uma sala de vídeo ou DVD também é bem-vinda em pré-escolas, bem como um laboratório de informática e uma sala de música. Mas lembre-se de que o importante mesmo é a forma como todos esses recursos são usados no dia a dia.

Quantas crianças há em cada sala de aula?

Na Educação Infantil, ensino de qualidade é sempre associado a salas com turmas pequenas e bem atendidas pela professora. O Conselho Nacional da Educação estabelece um limite de crianças por educador, de acordo com a idade:

0 a 2 anos: máximo de 8 crianças por educador
3 anos: máximo de 15 crianças por educador
4 e 5 anos: máximo de 20 crianças por educador

Mas atenção: o Conselho determina também que crianças de zero a três anos precisam de um espaço de 1,5 metro em sala de aula e crianças de 4 e 5 anos, de um espaço de 1,2 metro. Algumas escolas optam por colocar uma ajudante de sala para auxiliar o professor nos cuidados com as crianças, mas não é obrigatório.

A pré-escola tem propostas atuais?

A Educação Infantil mudou muito nos últimos anos. Antes, o foco de uma creche ou pré-escola estava no cuidar, agora está no educar - tendo como meio para isso o brincar . Esteja atento a essas mudanças ao visitar pré-escolas. A escola conseguiu acompanhar os tempos? Que propostas de ensino a coordenação apresenta em seu discurso? Como ela se posiciona em relação à avaliação dos alunos (nota, conceito, avaliação dos professores)? E em relação à mobilidade entre as fases (maternal, jardim I, II etc)? Algumas escolas não aceitam que a criança retorne para uma fase anterior por não estar acompanhando o ritmo da turma e outras sim. Outro ponto a se observar é se a escola trabalha com psicomotricidade (atividades específicas de movimento que ajudam a criança a tomar consciência de seu corpo) e se oferece um ambiente alfabetizador, com muitas situações de leitura e escrita.


Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br
Texto: Juliana Bernardino

Como preparar seu filho para o Ensino Fundamental 1

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Foto: A orientação dos pais é fundamental
 Foto: Nana Sievers


Quando as crianças deixam a educação infantil e ingressam no Ensino Fundamental 1 é inevitável pensar: "meu filho já não é mais um bebê". E é natural que nesse momento apareçam também algumas dúvidas sobre como ele se sairá nesse novo momento de sua vida de estudante. De fato, a entrada no primeiro ano traz uma série de mudanças na rotina escolar. As brincadeiras ainda terão seu espaço, mas seu tempo será diminuído enquanto a hora de estudar ganhará mais importância. Na mochila, a boneca ou o carrinho ainda poderão entrar em alguns dias, mas dividirão espaço com livros e cadernos. As responsabilidades, aos poucos, também vão crescer: haverá mais lição de casa, provas e notas.

Todas essas mudanças, porém, não devem ser encaradas como um problema. Elas fazem parte da evolução natural e saudável da vida da criança. E os pais podem - e devem - ajudar seus filhos a se preparar da melhor maneira possível para essa transição. "O importante é demonstrar segurança para a criança. Dizer que se ela está indo para essa nova fase é porque já tem idade para isso e está pronta", diz Rosana Ziemniak, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Magister, de São Paulo.

Em primeiro lugar é preciso que os próprios pais estejam seguros e compreendam esse novo momento da vida dos filhos. "O pai que é inseguro deixa a criança com medo", diz Rosana Ziemniak, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Magister, de São Paulo. "Não se deve ficar colocando dúvidas na cabeça da criança e nem gerando expectativas ao dizer que agora as coisas serão mais difíceis, que ela terá provas e notas, por exemplo", explica a coordenadora, acrescentando que o importante é valorizar a nova fase que a criança vai viver. "Mostre que a próxima série é um passo adiante em sua vida, mas que ela tem toda a capacidade para se sair bem", afirma ela.

Como os pais devem se preparar para essa nova fase da vida de estudante de seus filhos?

A primeira dica é não criar muitas expectativas. "Não se pode esquecer que crianças de seis anos, no primeiro ano do ensino fundamental, ainda estão em fase alfabetização. Não se pode esperar que elas escrevam uma redação de três páginas. É importante não cobrar demais as crianças e ter cuidado para não gerar ansiedade", diz Roseli Carreiro Zanlorenzi de Araujo, diretora da educação infantil do Colégio Vértice, de São Paulo. 

Rosana Ziemniak, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Magister, concorda: "Nunca se deve cobrar aquilo que ainda não é hora de ser cobrado. E nem fazer comparações com outras crianças, dizendo que esta ou aquela tem desempenho inferior ou superior. Cada criança tem seu tempo e é importante lembrar que para haver aprendizagem é preciso haver diversidade: aquele que está mais avançado trabalhando em par com o outro que ainda está menos avançado propicia crescimento para ambos", explica ela. 

A participação dos pais nessa transição, segundo ela, não deve ficar restrita ao ambiente escolar. Os pais devem estimular o crescimento e a curiosidade das crianças nessa fase, programando passeios a livrarias por exemplo. "As crianças que em casa ou em passeios junto com a família têm esses estímulos terão muito mais facilidade de se desenvolver na escola em seu processo de alfabetização e de conhecimentos em geral", afirma ela. 

Quais as principais mudanças que trazem o Ensino Fundamental 1?

Uma das grandes novidades para as crianças que deixam a educação infantil e entram no fundamental 1 são as notas e as provas. Algumas escolas já as aplicam no primeiro ano, que é o antigo pré-primário, mas outras só as introduzem a partir do segundo ano. Outra mudança é com relação aos horários de brincadeira e espaços físicos das escolas. Na educação infantil muitas vezes as crianças têm um espaço diferenciado dedicado a elas - como área com balanços e tanque de areia - e mais tempo para brincar. No fundamental 1 geralmente as brincadeiras passam a ser realizadas durante o horário de lanche.

"No fundamental 1 as crianças continuam a ser supervisionadas, lógico, mas têm mais autonomia para por exemplo comprar seu lanche, e passam a conviver com crianças maiores", diz Rosana Ziemniak, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Magister. Se por um lado têm mais autonomia, por outro têm também mais responsabilidades, como com os deveres de casa.

Como preparar os filhos para suas novas responsabilidades?

Segundo Roseli Carreiro Zanlorenzi de Araujo, diretora da educação infantil do Colégio Vértice, os pais podem ajudar estimulando desde cedo que as crianças criem o hábito de fazer o dever de casa sozinhas e sem ter que precisar mandar fazer. "A lição de casa é responsabilidade da criança e ela tem que criar o hábito de incorporar em sua rotina essa atividade. Os pais não devem fazer o dever por elas, mas podem questionar se o dever foi feito", afirma Roseli. Os pais também devem estimular os filhos a tomar cuidado com seu material e a mantê-lo organizado.

Foto: A rotina de estudos não deve acabar na porta da escola
                                Foto: Cláudia Mariano

"Os pais devem participar da vida escolar, sem dúvida. É importante conversar sobre o que os estudantes aprenderam na escola, fazer uma leitura conjunta do jornal, demonstrar curiosidade em relação à rotina de estudos. Eles podem, inclusive, ajudar a tirar dúvidas se tiverem prazer nisso, mas não devem fazer os exercícios pelo filho", diz Cleuza Vilas Boas Bourgogne, da Escola Móbile. Ou seja, os pais podem ajudar, sim. Mas é importante que não atravessem a criança. A lição de casa é, sobretudo, um exercício que o aluno deve fazer sozinho, justamente para que os professores descubram quais são as suas dificuldades.

Texto: Adriana Carvalho
Fonte: Educar para crescer


Alfabetizar na Educação Infantil. Pode?

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A polêmica sobre ensinar ou não as crianças a ler e a escrever já na Educação Infantil tem origem em pressupostos diferentes a respeito de várias questões. Entre elas: 

■ O que é alfabetização? Alguns educadores acham que é a aquisição do sistema alfabético de escrita; outros, um processo pelo qual a pessoa se torna capaz de ler, compreender o texto e se expressar por escrito. 

■ Como se aprende a ler e escrever? Pode ser uma aprendizagem de natureza perceptual e motora ou de natureza conceitual. O ensino, no primeiro caso, pode estar baseado no reconhecimento e na cópia de letras, sílabas e palavras. No segundo, no planejamento intencional de práticas sociais mediadas pela escrita, para que as crianças delas participem e recebam informações contextualizadas. 

■ O que é a escrita? Há quem defenda ser um simples código de transcrição da fala e os que acreditam ser ela um sistema de representação da linguagem, um objeto social complexo com diferentes usos e funções.

Em razão desses diferentes pressupostos, alguns educadores receiam a antecipação de práticas pedagógicas tradicionais do Ensino Fundamental antes dos 6 anos (exercícios de prontidão, cópia e memorização) e a perda do lúdico. Como se a escrita entrasse por uma porta e as atividades com outras linguagens (música, brincadeira, desenho etc.) saíssem por outra. Por outro lado, há quem valorize a presença da cultura escrita na Educação Infantil por entender que para o processo de alfabetização é importante a criança ter familiaridade com o mundo dos textos. 

Na Educação Infantil, as crianças recebem informações sobre a escrita quando: brincam com a sonoridade das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças entre os termos; manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livros, fascículos etc.; e o professor lê para a turma e serve de escriba na produção de textos coletivos. 

Alguns alunos estão imersos nesse contexto, convivendo com adultos alfabetizados e com livros em casa e aprendendo as letras no teclado do computador. Eles fazem parte de um mundo letrado, de um ambiente alfabetizador. Outros não: há os que vivem na zona rural, onde a escrita não é tão presente, e os que, mesmo morando em centros urbanos, não têm contato com pessoas alfabetizadas e com os usos sociais da leitura e da escrita. 

Grande parte das crianças da escola pública depende desse espaço para ter acesso a esse patrimônio cultural. A Educação Infantil é uma etapa fundamental do desenvolvimento escolar das crianças. Ao democratizar o acesso à cultura escrita, ela contribui para minimizar diferenças socioculturais. Para que os alunos aprendam a ler e a escrever, é preciso que participem de atos de leitura e escrita desde o início da escolarização. Se a Educação Infantil cumprir seu papel, envolvendo os pequenos em atividades que os façam pensar e compreender a escrita, no final dessa etapa eles estarão naturalmente alfabetizados (ou aptos a dar passos mais ousados em seus papéis de leitores e escritores)".

Texto: Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita

Textos e números na Educação Infantil

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Pesquisas apontam que as crianças, a partir dos 3 anos, são capazes de pensar em números e textos. É possível propor atividades com esses temas sem deixar as brincadeiras de lado.

Pesquisas apontam que as crianças, a partir dos 3 anos, são capazes de pensar em números e textos. Marco Pinto. Cenário Silvia Moraes - Atelier Zigzag

Números e textos estão por toda parte - na TV, nos livros, nas placas, na tela do computador e na calculadora - e, desde cedo, as crianças têm a oportunidade de formular ideias a respeito dessas informações. Pesquisas mostram que elas relacionam a escrita e os números com a língua falada e, assim, identificam regularidades que usam como apoio para seguir avançando. Por isso - e por não aprenderem de forma linear -, podem, por exemplo, escrever números antes de saber contar ou uma legenda sem conhecer as letras. 

Cabe à Educação Infantil explorar esses conhecimentos e os questionamentos dos pequenos por meio de situações didáticas em que esse saber possa ser aprofundado. Na prática, isso significa planejar momentos de uso dos números e dos textos sempre que eles fizerem parte da rotina. No caso da escrita, as atividades com listas e textos memorizados podem ser ampliadas com propostas de reflexão sobre o sistema articuladas à produção de textos de diversos gêneros, como resenhas de livros. No campo dos números, o recomendado é usá-los e problematizá-los nas situações em que aparecem: por exemplo, o controle e a comparação de quantidades, dos materiais de sala. 

Hoje, práticas desse tipo têm sido deixadas de lado por receio de escolarizar a creche e a pré-escola. Mas isso não faz sentido. Documentos como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dão ênfase às brincadeiras e à interação com colegas e adultos, mas também mencionam o trabalho com a escrita e o sistema de numeração. "Faltam, porém, orientações mais precisas sobre que conteúdos trabalhar e de que forma, o que leva à manutenção de práticas ultrapassadas, como a cópia de letras", diz Eliana Borges Correia de Albuquerque, pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para ela, isso explica o fato de muitas crianças chegarem ao 1º ano sem terem tido oportunidade de interagir com a língua escrita e, às vezes, sem saber escrever o próprio nome.


Pesquisas indicam que não é preciso esperar que as crianças saibam contar ou escrever bem para depois pedir que anotem os algarismos. Registrar o total de materiais disponíveis numa caixa - como tesouras e pincéis -, por exemplo, permite a elas relacionar o nome dos números e os objetos. "Na hora de contar, elas precisam prestar atenção para não considerar um item mais de uma vez e para não deixar nenhum deles de fora", diz Susana Wolman. A tarefa põe em jogo ainda a habilidade de reconhecer que o último número da contagem feita corresponde à quantidade total de coisas, o que não é simples nessa fase. 

A correspondência termo a termo entre os objetos e as marcas gráficas, segundo os estudos de Susana, aparece a partir dos 3 anos. Mesmo quem usa algarismos para escrever a quantidade em uma etiqueta, por exemplo, às vezes inclui marcas, como riscos. "Os pequenos registram outras informações além do número, pois compreendem a intenção comunicativa da tarefa", diz Maria Emilia Quaranta, integrante da equipe de Matemática da Direção de Currículo da Secretaria de Educação do Governo da Cidade de Buenos Aires. Os principais resultados da pesquisa de Susana são mostrados a seguir por meio das produções de crianças a partir de 3 anos e 1 mês de idade. 

Encaminhamentos É possível propor uma reflexão coletiva a respeito das produções em que as crianças registram quantidades. Algumas perguntas ajudam nesse momento: "Qual vocês acham a melhor maneira de identificar o número de objetos?", "Dá para anotar muitos objetos com um só número?". Assim, coloca-se em discussão uma ideia sustentada por muitas delas - a de que isso não é possível. Ao mostrar escritas convencionais (como a de Luiza) e icônicas (como a de Pilar), questione: "Qual permite encontrar a resposta mais rapidamente?" Em situações de registro e discussão coletiva, a criançada revisa suas hipóteses e formula novas para avançar em direção à escrita convencional dos números e o que ela representa.

Ditado de números 
A turma estabelece relações entre a contagem e a notação numérica e reflete sobre regularidades do sistema 

Está comprovado que, para escrever e interpretar os números, as crianças se apoiam na numeração falada. "Elas identificam a parte que conhecem e, em alguns casos, esse é o único algarismo que escrevem num ditado", diz Susana. Elas também usam um número curinga no lugar do que não conhecem. 

Os estudos também indicam que os pequenos não aprendem os números em ordem: primeiro de 1 a 10, depois de 11 a 20 e assim por diante. Os redondos funcionam como ponto de apoio para a apropriação de outras notações. Eles podem escrever convencionalmente 10, 30, 100 ou 1.000 antes de saber o 38, por exemplo. Esse conhecimento e as informações que extraem da numeração falada levam a meninada a produzir escritas não convencionais, como 10033 quando querem representar 133. O ditado pode levar à reflexão sobre as regularidades do sistema (como o fato de toda dezena ter dois dígitos) e sobre o valor posicional dos números (em que um mesmo algarismo tem valores diferentes dependendo de sua posição). Nessa atividade, a calculadora funciona como um apoio para quem não tem habilidade motriz e como material de consulta, pois os algarismos estão disponíveis nas teclas. Confira, com base no ditado abaixo, as descobertas da pesquisadora.

Tabela
Fonte Reprodução Conhecimentos Infantis Acerca do Sistema de Numeração, de Susana Wolman

Um curinga para a dezena Sofia se apoia na numeração falada para anotar os números ditados. Ela escreve o correspondente à unidade (que reconhece mais facilmente) e usa um curinga para a dezena (na maioria das vezes o 1). Grafa 87 e 37 da mesma forma, assim como 35 e 45. A repetição não é bem aceita pela menina, mas ela não sabe como resolver a questão. Essa é uma oportunidade para propor a consulta a portadores numéricos - como a fita métrica e a numeração das páginas de um livro.

Textos: escrever, comparar e refletir 
Inserir práticas de escrita na rotina leva a criançada a pensar sobre o sistema em situações reais de comunicação 

Hoje já se sabe que os pequenos reconhecem rapidamente duas das características básicas de qualquer sistema de escrita: que as formas são arbitrárias (porque as letras não reproduzem o contorno dos objetos) e que estão ordenadas de modo linear. Essas marcas aparecem muito cedo em suas produções. "Mesmo que não usem o modo convencional, eles já sabem escrever e o fazem com intenção comunicativa, de acordo com as hipóteses que sustentam no momento", diz Claudia Molinari. Por isso, é importante expor os textos escritos pela criançada - devidamente acompanhados da transcrição do que pretendiam dizer. Muitas vezes, nessa fase, os professores se limitam a atuar como escribas, redigindo os textos pela turma. 

"Por que não dar às crianças a oportunidade de tomar o lápis e escrever de forma independente durante uma das etapas de um projeto didático?", questiona a pesquisadora. Essa é a oportunidade de elas refletirem sobre aspectos do sistema alfabético. Na transição da hipótese silábica para a silábica alfabética (quando começam a abandonar a escrita feita quase predominantemente com vogais e passam a acrescentar consoantes), ocorre um impasse: quantas e quais letras usar e em que ordem colocá-las? É o que se chama de alternância grafofônica. Nesse ponto, é comum, de acordo com Claudia, que registrem o mesmo termo de diferentes maneiras. 

Os pequenos também relacionam fala e escrita, o que causa outro conflito: como separar no papel o que aparece como um todo contínuo na oralidade? A hipossegmentação (quando não há separação das palavras onde deveria haver) e a hipersegmentação (quando isso ocorre em excesso) são frequentes nesse estágio. 

Esses aspectos podem ser discutidos por meio da comparação de versões de um mesmo texto ou de uma mesma palavra. É o que Claudia define como escritas sucessivas (leia mais na última página). "Elas funcionam como um registro do percurso de cada criança e podem ser usadas como uma fonte de informação em futuras intervenções", diz ela. Para a turma, o contraste de versões permite confrontar hipóteses e, assim, continuar aprendendo. Todos discutem as produções, leem e releem o que redigiram e buscam informações em livros e outros materiais disponíveis na sala. 

Em classes a partir dos 3 anos, é possível iniciar a comparação e a discussão entre as escritas do grupo. O recomendado é circular pela sala e fazer intervenções pontuais na produção de cada criança para propor problemas, solicitar que todos interpretem o que escreveram ou que revisem letras do meio ou do fim de determinada palavra. 


Texto: Bruna Nicolielo
Publicado em Nova Escola
Título original: Elas sabem muito. Aproveite

Diagnóstico na alfabetização para conhecer a nova turma

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Mesmo antes de saber ler e escrever convencionalmente, a criança elabora hipóteses sobre o sistema de escrita. Descobrir em qual nível cada uma está é um importante passo para os professores alfabetizadores levarem todas a aprender.


Nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem. Ela permite uma avaliação e um acompanhamento dos avanços na aquisição da base alfabética e a definição das parcerias de trabalho entre os alunos. Além disso, representa um momento no qual as crianças têm a oportunidade de refletir, com a ajuda do professor, sobre aquilo que escrevem.

No Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do programa Ler e Escrever, das secretarias estadual e municipal de Educação de São Paulo, a sondagem é descrita como uma atividade que envolve, num primeiro momento, a produção espontânea de uma lista de palavras sem apoio de outras fontes e pode ou não prever a escrita de algumas frases simples. Essa lista deve, necessariamente, ser lida pelo aluno assim que terminar de escrevê-la. O guia ressalta também que é por meio da leitura que o alfabetizador "pode observar se o aluno estabelece ou não relações entre aquilo que ele escreveu e aquilo que ele lê em voz alta, ou seja, entre a fala e a escrita".

As pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita, realizadas por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky no fim dos anos 1970 e publicadas no Brasil em 1984, mostraram que as crianças constroem diferentes ideias sobre a escrita, resolvem problemas e elaboram conceituações. Aí entra o que pode ser considerado uma palavra, com quantas letras ela é escrita e em qual ordem as letras devem ser colocadas. "Essas hipóteses se desenvolvem quando a criança interage com o material escrito e com leitores e escritores que dão informações e interpretam esse material", conta Regina Câmara, membro da equipe responsável pela elaboração do material do Programa Ler e Escrever e formadora de professores.

No livro Aprender a Ler e a Escrever, Ana Teberosky e Teresa Colomer ressaltam que as "hipóteses que as crianças desenvolvem constituem respostas a verdadeiros problemas conceituais, semelhantes aos que os seres humanos se colocaram ao longo da história da escrita". E completa: o desenvolvimento "ocorre por reconstruções de conhecimentos anteriores, dando lugar a novas construções". Diagnosticar o que os alunos sabem, quais hipóteses têm sobre a língua escrita e qual o caminho que vão percorrer até compreender o sistema e estar alfabetizados permite ao professor organizar intervenções adequadas à diversidade de saberes da turma. O desafio é propor atividades que não sejam tão fáceis a ponto de não darem nada a aprender, nem tão difíceis que se torne impossível para as crianças realizá-las.

As quatro hipóteses 
Ferreiro e Teberosky observaram que, na tentativa de compreender o funcionamento da escrita, as crianças elaboram verdadeiras "teorias" explicativas que assim se desenvolvem: a pré-silábica, a silábica, a silábico-alfabética e a alfabética. São as chamadas hipóteses. As conclusões desse estudo são importantes do ponto de vista da prática pedagógica, pois revelam que os pequenos já começaram a pensar sobre a escrita antes mesmo de ingressar na escola e que não dependem da autorização do professor para iniciar esse processo. "Todos eles precisam de oportunidades para pôr em jogo o que sabem para se aproximar pouco a pouco desse objeto importante da cultura", ressalta Regina.

Aqueles que não percebem a escrita ainda como uma representação do falado têm a hipótese pré-silábica. Ela se caracteriza em dois níveis. No primeiro, as crianças procuram diferenciar o desenho da escrita, identificando o que é possível ler. Já no segundo nível, elas constroem dois princípios organizadores básicos que vão acompanhá-las por algum tempo durante o processo de alfabetização: o de que é preciso uma quantidade mínima de letras para que alguma coisa esteja escrita (em torno de três) e o de que haja uma variedade interna de caracteres para que se possa ler. Para escrever, a criança utiliza letras aleatórias (geralmente presentes em seu próprio nome) e sem uma quantidade definida.

COMBINE ANTES  É importante  que a criança saiba que ela pode escrever da melhor forma que  conseguir, mesmo que não convencionalmente.  Foto: Marcos Rosa
Quando a escrita representa uma relação de correspondência termo a termo entre a grafia e as partes do falado, a criança se encontra na hipótese silábica. O aluno começa a atribuir a cada parte do falado (a sílaba oral) uma grafia, ou seja, uma letra escrita.

Essa etapa também pode ser dividida em dois níveis: no primeiro, chamado silábico sem valor sonoro, ela representa cada sílaba por uma única letra qualquer, sem relação com os sons que ela representa. No segundo, o silábico com valor sonoro, há um avanço e cada sílaba é representada por uma vogal ou consoante que expressa o seu som correspondente.

A hipótese silábico-alfabética corresponde a um período de transição no qual a criança trabalha simultaneamente com duas hipóteses: a silábica e a alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas. Quando a escrita representa cada fonema com uma letra, diz-se que a criança se encontra na hipótese alfabética. "Nesse estágio, os alunos ainda apresentam erros ortográficos, mas já conseguem entender a lógica do funcionamento do sistema de escrita alfabético", explica Regina.

O professor deve realizar a primeira sondagem no início do período letivo e, depois, ao fim de cada bimestre, mantendo um registro criterioso do processo de evolução das hipóteses de escrita das crianças. Ao mesmo tempo, é fundamental uma observação cotidiana e atenta do percurso dos alunos. "A atividade de sondagem representa uma espécie de retrato do processo naquele momento. E como esse processo é dinâmico e na maioria das vezes evolui muito rapidamente, pode acontecer de, apenas alguns dias depois da sondagem, um ou vários alunos terem dado um salto", ressalta Regina. "As sondagens bimestrais são importantes também por representarem dispositivos de acompanhamento das aprendizagens para os pais, bem como um retrato da qualidade do ensino para as redes, que podem ajustar seus programas de formação continuada de professores em regiões onde os resultados mostram que os estudantes não estão evoluindo da maneira desejada."

Investigação individual
O melhor é que a atividade seja feita individualmente, com o professor chamando um aluno por vez, que deve tentar escrever algumas palavras e uma frase ditadas. Enquanto isso, o resto da turma precisa estar envolvido em uma atividade diversificada em que não seja necessária a ajuda do professor (a cópia de uma cantiga, a produção de um desenho, um jogo etc.). Essa é a estratégia usada por Eduardo Araújo, na EMEB Helena Zanfelici da Silva, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Alguns dias após o retorno às aulas, ele deixa as crianças envolvidas com jogos e brincadeiras sob a supervisão da estagiária que o acompanha em sala. Alfabetizador há mais de sete anos, Araújo sabe bem o valor da sondagem inicial. "Conhecendo a situação de cada aluno, consigo pensar melhor como será a rotina do bimestre e quais as intervenções devo fazer para ajudar os menos avançados a entender a lógica do sistema de escrita."
ADOTE SINAIS Fazer luma marcação nos textos produzidos é útil para registrar como o aluno lê o que escreve e se ele se detém ou não em cada letra.
ADOTE SINAIS Fazer luma marcação  nos textos produzidos é útil para  registrar como o aluno lê o que  escreve e se ele se detém ou não  em cada letra.
O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba - sem que o professor, ao ditar, marque a separação das sílabas (leia no quadro abaixo como preparar a lista de palavras). Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente.

No começo de 2008, a escola onde Araújo leciona passava por grande reforma. Aproveitando a curiosidade das crianças, ele resolveu trabalhar com uma lista de objetos usados na obra do prédio. As palavras ditadas foram ferramenta, martelo, ferro e pá. E a frase escolhida foi: usei a pá na reforma.
Lista bem feita 

Na sondagem, a escolha certa das palavras e da frase (e da ordem em que elas serão ditadas) é essencial. "O ideal é preparar uma lista de termos de um mesmo campo semântico, ou seja, agregados por uma unidade de sentido, e uma frase adequada ao contexto desse grupo", recomenda a formadora de professores Regina Câmara, do Programa Ler e Escrever. Deve-se evitar que as palavras tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar por ele.
Observação e registro 
Ficar atento às reações dos alunos enquanto escrevem também é fundamental. Anotar o que eles falam, sobretudo de forma espontânea, pode ajudar a perceber quais as ideias deles sobre o sistema de escrita. Na sondagem inicial feita com a lista de palavras relacionadas à reforma da escola, um aluno comentou com o professor Araújo:

- Ferro começa com "fe", de Felipe, não é? E termina com "o". Essa é fácil.

- Agora eu quero que você escreva "pá" - disse o professor.

O aluno parou um instante, tentou contar "as partes" da palavra com os dedos e ficou um pouco incomodado. Demorou bastante até se manifestar:

- Mas essa não dá para escrever. Fica só uma letra e isso não pode.
CRIE UMA TABELA O ideal é construir um quadro para anotar a evolução das hipóteses de cada estudante. Fotos Marcos Rosa
CRIE UMA TABELA O ideal é construir um quadro para anotar a evolução das hipóteses de cada estudante. Fotos Marcos Rosa
Com o comentário, o professor conseguiu perceber que a criança entrou em conflito, pois pensava que só se pode ler ou escrever palavras com três ou mais letras e, ao mesmo tempo, tinha construído a hipótese de que para cada emissão sonora uma letra basta.

Terminado o ditado, é imprescindível pedir que a criança leia o que escreveu. Por meio da interpretação dela sobre a própria escrita, durante a leitura, é que se pode observar se ela estabelece ou não relações entre o que escreveu e o que lê em voz alta - ou seja, entre o falado e o escrito - ou se lê aleatoriamente.

O professor pode anotar em uma folha à parte como ela faz a leitura, se aponta com o dedo cada uma das letras, se associa aquilo que fala à escrita etc. "Uma lista de palavras produzida pelo aluno, em situação de sondagem, sem a respectiva leitura, não permite analisar essa produção e identificar sua hipótese de escrita", afirma Regina.

Se o aluno escreveu LGA para o ditado da palavra martelo e associou cada uma das sílabas dessa palavra a uma das letras, é necessário registrar abaixo a relação de cada letra com uma sílaba. Há duas maneiras de fazer esse registro, usando marcação com sinais que indique quais as associações feitas pela criança:

LGA
(mar) (te) (lo)
Ou ainda:
LGA
| | |

É possível que o aluno utilize muitas e variadas letras, sem que o critério de escolha desses caracteres tenha alguma relação com a palavra falada. Nesse caso, se ele ler sem se deter em cada uma das letras, é necessário anotar o sentido que ele usou nessa leitura.
LPIEMAN
 
Esse tipo de marcação é importante, pois permite observar com mais clareza a hipótese que a criança tem e, posteriormente, os avanços que ela obtém ao longo do ano.

Atividades diversificadas
REGISTRE TUDO  A observação da produção de cada um ao longo do ano mostra com clareza como ele avançou.
Para que os alunos atinjam o objetivo previsto para o 1º ano - escrever alfabeticamente, ainda que com erros de ortografia -, o professor precisa acompanhar a evolução de todos, conhecendo os que demandam mais atenção, quantos têm hipóteses mais avançadas e os que estão alfabetizados. Esses últimos, particularmente, necessitam de outros conteúdos de ensino, como a ortografia.

O ideal é que seja construída uma tabela que contenha a evolução das hipóteses de cada um, comparando quanto evoluiu ao longo do ano. Com frequência, essa comparação traz agradáveis surpresas em relação aos que, apesar de não escreverem convencionalmente, realizaram avanços significativos em comparação com sua escrita do início do ano.

Com base nessa tabela, é possível também fazer uma análise crítica da rotina e das atividades que estão sendo contempladas. Será que todos interagem com outras fontes de texto e, nessa interação, refletem sobre a escrita e seu uso? Recebem informações de colegas mais experientes, que os ajudam a compreender o que está envolvido na leitura e na escrita? Têm a oportunidade de tentar ler por si mesmos? Contam com o apoio do professor, que oferece novas informações sobre a escrita e orienta seu olhar para os materiais escritos disponíveis na sala de aula, que podem ajudar no momento de decidir pelo uso de uma determinada letra? Encontram na escola um ambiente favorável à pesquisa, sendo encorajados a se arriscar e escrever segundo suas hipóteses?

É por meio das sondagens e da observação cuidadosa e constante das produções dos estudantes durante o ano que se pode saber em que momento se encontra cada um, se sua abordagem e rotina estão funcionando, qual a expectativa razoável de evolução para os que ainda se encontram em hipóteses mais primitivas e como ajustar o planejamento do trabalho para que, ao fim do ano letivo, todos estejam alfabetizados.

Veja aqui um exemplo de tabela para acompanhar o avanço do conhecimento dos alunos sobre o sistema de escrita.

Texto: Anderson Moço
Fonte de Pesquisa: Revista Nova Escola

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10 características da lição de casa ideal

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O que deve conter um dever de casa que seja interessante para o aprendizado de seu filho


                                                                                                       Foto: Claudia Marianno

Foto:

"Para ser efetiva, a tarefa de casa deveria ajudar a desenvolver a autonomia e
 promover o gosto pela descoberta, pelo conhecimento"

Se você acompanha a lição de casa do seu filho regularmente, parabéns! Está adotando uma das posturas mais estimuladas pelos especialistas para valorizar e contribuir com o aprendizado dele. Mas você já parou para analisar se tarefa que está sendo solicitada é bacana? 

"Quando se fala em dever de casa, toda atenção é voltada para o aluno, se ele o faz, se responde de forma completa, etc. No entanto, a maior responsabilidade é do professor, pois parte dele o pedido", ressalta Rose Mary Guimarães Rodrigues, docente do curso de Pedagogia da Unitri (Centro Universitário do Triângulo). 

Não se trata aqui de verificar o conteúdo proposto ou o nível do exercício passado, mas de ficar atento aos pontos que toda lição de casa, independente da disciplina, série ou metodologia, deve ter para cumprir seu papel. 

"Para ser efetiva, a tarefa de casa deveria ajudar a desenvolver a autonomia e promover o gosto pela descoberta, pelo conhecimento", afirma a educadora e psicopedagoga Heloisa Padilha.

O que ocorre, no entanto, é que muitas vezes a criança leva para casa uma extensa lista de exercícios sem, ao menos, entender qual é o objetivo deles. A lição torna-se então um dever sofrido e sem sentido. "Já vi professores pedirem como tarefa que os alunos escrevessem de mil a mil e quinhentos em letra cursiva. Imagine o quão terrível é isso para a criança", exemplifica Fátima Regina Pires de Assis, professora de graduação e pós-graduação do curso de Psicologia da PUC-SP.

Será que a criança entendeu o que tem de fazer? O momento em que a lição é passada, deveria em tese, não ser tumultuado. "Muitas vezes, a lição de casa é passada nos instantes finais da aula, a explicação é dada com o sinal anunciando o término da aula ou com a turma já na expectativa de ir embora, o que prejudica a orientação e até o entendimento", comenta a psicóloga Danila Coser.

Vale a pena aprender a reconhecer uma boa lição de casa. E caso as tarefas de seu filho estejam muito longe do recomendado, o melhor é conversar com professores e coordenadores, sempre com calma e respeito, para entender o porquê.

Veja as características de uma lição de casa ideal, apontadas pelas educadoras mencionadas, que possuem pesquisas e trabalhos sobre o tema:

- Tem de combinar com a proposta de ensino:  Se a escola manda lição para casa, isto tem que fazer parte da sua estratégia de ensino. A escola pode até decidir que o dever de casa não faz parte do seu jeito de ensinar e não enviar. Mas é preciso que fique claro, para alunos e pais, o que a escola (e não um professor específico) pretende com a tarefa de casa.

- Não pode ser muita nem pouca... O ritmo e o formato das tarefas podem variar de acordo com a disciplina trabalhada, porém é preciso equilíbrio e planejamento entre os professores para evitar que muitas tarefas sejam solicitadas para a mesma data.

- Precisa de um  porquê: A lição precisa ser passada por um motivo, não só "porque tem de ter lição de casa" e o objetivo deve ficar claro para os alunos. Este é um ponto essencial. Por exemplo: a professora pede aos alunos um mapa da Europa atual quando estão estudando Feudalismo. O ideal é explicar que o objetivo é comparar a divisão do território nestes dois momentos diferentes da História e que fazer o desenho do mapa dará um melhor entendimento.

- Tem de ser motivadora: Quem se anima diante de uma lista enorme de frases desconexas para fazer análise sintática? A tarefa ideal gera interesse no tema abordado e é prazerosa de ser feita ou pela descoberta que proporciona ou pelo desafio que traz. Por exemplo, propor a análise de frases retiradas de um texto divertido ou de uma história em quadrinhos...

- Seu filho tem de conseguir resolvê-laNada mais frustrante do que ser cobrado de algo que não se tem condições de responder. A lição não pode passar a sensação de ser "difícil" ou "muito complicada" para o aluno. Se seu filho nem souber do que se trata ou não estiver acompanhando, não deixe de falar com o professor ou o orientador.

- Ela deve ser clara! Ou seja, qualquer pessoa que ler o exercício vai entender o que está sendo pedido.

- Deve ser bem orientadaO professor precisa explicar, em aula, como a tarefa deve ser feita, como ela deverá ser apresentada e em que prazo. Por isso é sempre bom lembrar seu filho de anotar tudo na agenda.

- Deve ter relação com o conteúdo dado em aula: O exercício deve ser algo que ajuda a revisar ou ampliar um assunto abordado em sala de aula ou, ainda, prepara o aluno para temas que serão trabalhados na aula seguinte.

- Deve ser diversificada: O professor deve explorar os diversos formatos de lição possíveis, como trabalhos em grupos, pesquisas individuais, produção de texto, exercícios de observação, entrevistas, leitura, etc.


Texto: Luciana Fleury


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A (re)adaptação escolar pós-Carnaval

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adaptação escolar (Foto: Thinkstock)
No final de janeiro, quando as aulas começaram, seu filho e você deram início à adaptação escolar. Ele chorava muito toda vez que vocês saíam para a escola, ainda não tinha se adaptado aos horários, não gostava da professora nem dos amigos e você, é claro, ficava de coração partido.
E quando tudo parecia finalmente estar entrando nos eixos veio o (longo) feriado de Carnaval. Quatro dias de folia depois, chegou a hora de retomar a rotina da escola e o sentimento é de que seu filho (e você também) retornou à estaca zero. Sim, pode não ser só impressão: essas pequenas férias no início da volta às aulas podem atrapalhar bastante.  “A interrupção do processo de adaptação pode sofrer regressão, principalmente se a criança já havia vencido alguma dificuldade, pois os vínculos criados dentro da escola ainda eram tênues”, explica a psicopedagoga Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Em outras palavras, se o seu filho não estava ainda tão acostumado à professora, aos novos amigos e ao próprio ambiente, bastaram apenas alguns dias de descanso em família para que esses laços que o seu pequeno estava começando a tecer se desfizessem.
Mas nada de desespero. Agora (como sempre!), é momento de lançar mão de uma boa dose de paciência para recomeçar o processo. É preciso retomar a rotina voltando aos horários no período escolar (tanto de acordar, como das refeições, de ir dormir e de fazer as lições), conversar novamente com a criança sobre a escola (tirando todas as dúvidas dela) e talvez até acompanhá-la nesses primeiros dias. O que não vale é tentar retardar esse processo.
Muitos pais acabam cedendo aos apelos dos filhos e deixam que a volta às aulas seja postergada para a segunda-feira da próxima semana. “Algumas famílias minimizam a importância do período de reinício das aulas, alegando que os professores fazem revisão do conteúdo do ano anterior e, portanto, o filho não vai ‘perder’ matéria nova”, explica Quézia. Só que essa atitude não colabora com o processo de readaptação à escola. Isso porque a questão principal não é o seu filho assimilar o conteúdo em si, mas retomar o ritmo e, acima de tudo, testemunhar qual é a postura dos pais em relação ao comprometimento com a escola. “Os pais devem sempre mostrar a importância que dão à vida escolar da criança, comprometendo-se com o calendário da escolar”, explica a psicopedagoga. Se nem você levar as aulas a sério, seu filho pode achar que, afinal, a escola talvez nem seja assim tão importante…
Confira abaixo algumas dicas para colocar em prática na véspera da volta às aulas que podem ajudar nesse processo:
- Coloque a criança para dormir mais cedo – nada de ficar acordado até altas horas como no feriado inteiro;
- Não estimule atividades que deixem a criança extremamente cansada – não adianta chegar de viagem de madrugada e querer que a criança esteja disposta para ir à escola logo cedo;
- Peça ajuda do seu filho para arrumar o material e o uniforme. Assim, ele começa a se envolver novamente nos preparativos para a escola;
- Seja carinhoso, mas firme. Ir à escola não é negociável, mas com certeza vai trazer um mundo de novas experiências tanto para você quanto para o seu filho.

Calendário de Março

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Qual é a origem do Circo?

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            Dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos 4 000 anos - mas o circo como o conhecemos hoje só começou a tomar forma durante o Império Romano. O primeiro a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 000 pessoas. A atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40 a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje compõem o cartão postal número um de Roma.

      Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. "Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro", afirma Luiz Rodrigues Monteiro, professor de Artes Cênicas e Técnicas Circenses da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tudo isso, porém, não passa de uma pré-história das artes circenses, porque foi só na Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo ainda hoje. Cavaleiro de 1 001 habilidades, o ex-militar inglês Philip Astley inaugurou, em 1768, em Londres, o Royal Amphitheatre of Arts (Anfiteatro Real das Artes), para exibições eqüestres. Para quebrar a seriedade das apresentações, alternou números com palhaços e todo tipo de acrobata e malabarista.

      O sucesso foi tamanho que, 50 anos depois, o circo inglês era imitado não só no resto do continente europeu, mas atravessara o Atlântico e se espalhara pelos quatro cantos do planeta.

Palhaçadas e acrobacias Artes circenses têm diferentes raízes históricas
HOMEM ELÁSTICO
O contorcionismo já era uma modalidade olímpica na Grécia Antiga há mais de 2 500 anos. Há registros mais antigos, porém, de cerca de 5 500 anos, indicando que, talvez, a prática já fosse usada na China para o treinamento de guerreiros.
MÃOS MÁGICAS
O malabarismo, segundo os historiadores, teria sido praticado inicialmente em rituais religiosos da antigüidade. Os chineses equilibravam pratos girando-os, enquanto gregos e egípcios utilizavam bolas, depois substituídas por tochas acesas.


SOSSEGA, LEÃO!
Os primeiros domadores foram guerreiros egípcios, que capturavam animais selvagens nas terras conquistadas, aprendiam a lidar com eles e os traziam à terra natal para apresentá-los em desfiles.



POR UM FIO
O primeiro relato de equilibrismo na corda bamba data de 108 a.C., na China, quando uma grande festa palaciana, em homenagem a visitantes estrangeiros, apresentou vários números de acrobacia. O impacto foi tamanho que o imperador decidiu realizar espetáculos do gênero todo ano.
BOCA QUENTE
Os engolidores de fogo apareceram pela primeira vez no Império Romano, nos espetáculos do Circus Maximus, há mais de 2 000 anos. Esses pirófagos costumavam ser nórdicos louros e altos, o que acentuava o exotismo.
PALHAÇO A CAVALO
Na origem do circo moderno, na Inglaterra do século XVIII, o palhaço e o equilibrismo com piruetas sobre um cavalo eram um só número. O sucesso foi tão grande que os clowns ganharam cada vez mais espaço no picadeiro.

Circo no Brasil


      Esta arte que encanta crianças e adultos surgiu no Brasil no século XIX, com famílias vindas da Europa. Estas famílias se manifestavam em apresentações teatrais. Os ciganos, vindos também da Europa, apresentavam-se ao público, demonstrando habilidades como doma de urso e cavalos e ilusionismo.

     

          As manifestações artísticas eram de acordo com a aceitação do público, o que não agradava, não era mais mostrado naquela determinada região. Algumas atrações foram adaptadas ao estilo brasileiro. O palhaço europeu, por exemplo, era menos falante, usando a mímica como base, já no Brasil, o palhaço fala muito, utilizando de comédia sorrateira, e também de instrumentos musicais, como o violão.


      O público brasileiro gosta das atrações perigosas, como os malabares em trapézios e domadores de animais ferozes. O uso de animais em circo é um assunto polêmico, pois muitas vezes esses animais sofrem de maus tratos.

      Atualmente, as atrações circenses são mais modernas e trazem muitas novidades tecnológicas, exemplo disso é o Cirque du Soleil.


Circo Contemporâneo


      Hoje, o circo também tem uma ramificação que é o circo contemporâneo, que é aprendido em escolas, não só de pai para filho como antigamente. O primeira escola de circo surgiu no Rio de Janeiro em 1982, chamada Escola Nacional de Circo. Nesta escola, jovens aprendem as técnicas circenses e quando formados, criam grupos e passam a se apresentar ao público.

      Hoje a Nau de Ícaros, o Teatro de Anônimo, o Circo Escola Picadeiro, o Linhas Aéreas, a Intrépida Trupe, os Parlapatões, o Circo Mínimo, os Acrobáticos Fratelli, Patifes e Paspalhões, fazem parte do Circo Contemporâneo Brasileiro.


Fontes de pesquisa:  mundoestranho.abril.com.br
                                      infoescola.com

Conhecer o alfabeto

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       Com as 26 letras do alfabeto podemos escrever todas as palavras da língua portuguesa. A importância da aprendizagem do alfabeto está, sobretudo, na necessidade de o aluno identificar e saber o nome das letras. Além disso, um conhecimento básico a ser trabalhado nesse momento é a regra geral de que o nome de cada letra tem relação com pelo menos um dos “sons” da fala que ela pode representar na escrita.


       Essa relação entre nome de letras e sons é observada na maioria dos casos (a, bê, cê, dê, efe, etc.); as exceções são poucas e de uso menos frequente (h, y, w, por exemplo).

      Consequentemente, o domínio do nome das letras pode auxiliar na leitura, na compreensão da grafia das palavras.

      Isso significa que o professor deve apresentar aos alunos o alfabeto e promover situações que lhes possibilitem a descoberta de que se trata de um conjunto estável de símbolos - as letras, sejam consoantes ou vogais - cujo nome foi criado para indicar um dos fonemas que cada uma delas pode representar na escrita, representando o som das palavras que falamos. É bom que o estudo do alfabeto se faça com a apresentação de todas as 26 letras, preferencialmente seguindo a ordem alfabética, visto que muitos dos nossos escritos se organizam pela ordem alfabética.

         É importante que todas as letras estejam visíveis na sala de aula, para que os alunos, sempre que for necessário, tenham um modelo para consultar. Esse é mais um exemplo de como trabalhar simultaneamente na direção da alfabetização e do letramento.

        Conhecer o alfabeto implica, ainda, que o aluno compreenda que as letras variam na forma gráfica e no valor posicional. As variações gráficas seguem padrões estéticos, mas são também controladas pelo valor funcional que as letras têm. As letras desempenham uma determinada função no sistema, que é a de preencher um determinado lugar na escrita das palavras. Portanto, é preciso conhecer a categorização das letras, tanto no seu aspecto gráfico, quanto no seu aspecto funcional (quais letras devem ser usadas para escrever determinadas palavras e em que ordem). Apesar das diferentes formas gráficas das letras em nosso alfabeto (maiúsculas, minúsculas, impressa, cursiva), uma letra permanece a mesma porque exerce a mesma função no sistema de escrita, ou seja, é sempre usada da maneira exigida pela ortografia das palavras. Dizendo de outra maneira: mesmo variando graficamente, as letras têm valores funcionais fixados pela história do alfabeto e, principalmente, pela organização das palavras em cada língua.

          Uma das implicações do princípio de identidade funcional das letras para o processo de alfabetização é que o aluno precisa aprender que não pode escrever qualquer letra em qualquer posição numa palavra, porque as letras representam fonemas, os quais aparecem em posições determinadas nas palavras.

     É bom ressaltar que conhecer o alfabeto representa desenvolver capacidades específicas, conforme se trate de ler ou de escrever. Para ler, é indispensável a capacidade perceptiva que possibilita identificar cada letra, distinguindo umas das outras. Para escrever, além da acuidade perceptiva, é necessária a capacidade motora de saber grafar devidamente cada letra.

        Embora a unidade foco do alfabeto seja a letra, podem ser propostas atividades em que as letras sejam situadas em sílabas, em palavras e em textos. Por exemplo, diante de textos lidos - mesmo que pelo professor - os alunos podem se deter no reconhecimento das letras e de sua posição, distribuição e função nas palavras. Do mesmo modo, na tentativa de escrever - mesmo que textos simples como etiquetas, crachás, listas - os alunos poderão operar direta e produtivamente com diferentes tipos e funções das letras. Essa sugestão mostra uma das maneiras de trabalhar simultaneamente um conhecimento específico do domínio do código escrito com conhecimentos relacionados à inserção no mundo letrado (isto é, conhecimentos que incrementam o grau de letramento do aluno), como emprego útil da escrita em textos que fazem sentido para a criança.

           
Fonte de pesquisa: Pró-Letramento, Fascículo 1 - Capacidades Linguísticas: Alfabetização e Letramento

O prazer da leitura - Rubem Alves

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Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de "alfabeto". "Alfabeto"é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que "abecedário". A palavra "alfabeto"é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: "alfa" e "beta". E "abecedário", com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: "a", "b", "c" e "d". Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que "abecedarizar", palavra inexistente, pudesse ser sinônimo de "alfabetizar"...


"Alfabetizar", palavra aparentemente inocente, contém a teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...


E assim era. Lembro-me da criançada a repetir em coro, sob a regência da professora: "bê-á-bá; bê-e-bê; bê-i-bi; bê-ó-bó; bê-u-bu"... Estou a olhar para um postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redação: uma menina deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê "fa", "fe", "fi", "fo", "fu"...


Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música se deveria chamar "dorremizar": aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem a repetir as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...


Todo a gente sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega no bebê e embala-o, cantando uma canção. E a criança percebe a canção. O que o bebê ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas!


Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: a minha mãe tocava-as ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.


Isto é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. A criança volta-se para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está a ler.


Num primeiro momento, as delícias do texto encontram-se na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o "seio bom", o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintática. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas lembro-me com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professora lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos, extasiados. Ninguém falava.


Antes de ler Monteiro Lobato, eu ouvi-o. E o bom era que não havia exames sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa da leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder a questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...


Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, a ler para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai, a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas de um mundo maravilhoso!


Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem – continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: Por favor, ensine-me! Eu quero poder entrar no livro por minha própria conta...


Toda a aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontece. Há aquele velho ditado: É fácil levar a égua até ao meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber. Traduzido pela Adélia Prado: Não quero faca nem queijo. Quero é fome. Metáfora para o professor.


Todo o texto é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele desliza sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto apossa-se do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se luta com as palavras, se não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos logo que ela acabe.


Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que os seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida nas nossas escolas a prática dos "concertos de leitura". Se há concertos de música erudita, jazz – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão o prazer de ler.


E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de termos sido tocados pela sua beleza, é impossível esquecer. A leitura é uma droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é só deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos – gramática, usos da partícula "se", dígrafos, encontros consonantais, análise sintática – que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto. E a missão do professor?


Acho que as escolas só terão realizado a sua missão se forem capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo. Mas o que vejo a acontecer é o contrário. São raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas de estudo formal da língua.


Paul Goodman, controverso pensador norte-americano, diz: Nunca ouvi falar de nenhum método para ensinar literatura (humanities) que não acabasse por matá-la. Parece que a sobrevivência do gosto pela literatura tem dependido de milagres aleatórios que são cada vez menos frequentes.


Vendem-se, nas livrarias, livros com resumos das obras literárias que saem nos exames. Quem aprende resumos de obras literárias para passar, aprende mais do que isso: aprende a odiar a literatura.



Sonho com o dia em que as crianças que leem os meus livrinhos não terão de analisar dígrafos e encontros consonantais e em que o conhecimento das obras literárias não seja objeto de exames: os livros serão lidos pelo simples prazer da leitura.


Rubem Alves
Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender
Porto, Edições Asa, 2004

A arte de contar histórias

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A palavra mágica 

Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. 

Se tarda o encontro, se não a 

encontro, não desanimo, procuro sempre. 
Procuro sempre, e a minha procura 
ficará sendo a minha palavra. 



(Carlos Drummond de Andrade)


20 de Março

Dia do Contador de Histórias




A linguagem oral é a mais remota figura de comunicação entre as pessoas, portanto, as histórias têm papel respeitável no desenvolvimento das crianças. Mais que uma linguagem prazerosa e educativa, a ação de contar e ouvir histórias possibilita o resgate da memória cultural e afetiva. Contar histórias é a mais antiga das artes. Nos velhos tempos, o povo se reunia ao redor do fogo para se esquentar, alegrar, dialogar, narrar acontecimentos. As pessoas assim reunidas contavam e repetiam histórias, para guardar suas tradições e sua língua. Assim transmitiam a história e o conhecimento acumulado pelas gerações, as crenças, os mitos, os costumes e os valores a serem resguardados pela comunidade. Devemos lembrar que Cristo, nas pregações, usava a parábola, uma forma narrativa alegórica, uma história, para passar sua mensagem aos homens. Suas palavras iam do concreto ao simbólico e todos as entendiam. 

O ato de contar uma história, além de atividade lúdica, amplia a imaginação e ajuda a criança a organizar sua fala, através da coerência e da realidade. O ver, sentir e ouvir são as primeiras disposições na memória das pessoas. Contar histórias é uma experiência de interação. Constitui um relacionamento cordial entre a pessoa que conta e os que ouvem. A interação que se estabelece aproxima os sujeitos envolvidos. Os contos enriquecem nosso espírito, iluminam nosso interior, e, ao mesmo tempo, nos tornam mais protagonistas na resolução dos problemas e mais flexíveis para aceitar diferenças. 


O exercício de contar histórias possibilita debater importantes aspectos do dia-a-dia das crianças. Contar histórias é também uma forma de ensinar temas éticos e cidadania e de propiciar um mundo imaginário que encanta a criança. A criança necessita ouvir histórias para desenvolver sua imaginação, a observação, e a linguagem oral e escrita, assim como, o prazer pela arte, a habilidade de dar lógica aos acontecimentos e estimular o interesse pela leitura. 



Através da arte de contar histórias, podemos tornar possível a construção da aprendizagem relacionada à competência cognitiva da criança, propiciando elaboração de conceitos, compreendendo sua atitude no mundo, e se identificando com papéis sociais que exercerá ao longo de sua existência.As histórias devem acontecer dentro de um contexto simples e adequado ao entendimento da criança. São extraordinárias ferramentas para a comunicação de valores, porque dão contexto a fatos abstratos, difíceis de serem transmitidos isoladamente. O professor como contador de histórias, transforma-se em um mediador privilegiado dentro do contexto da educação quando leva o aluno a pesquisa e a novas produções. A história passa a ser reinventada pela criança através de um desenho, uma pintura, ou mesmo através de uma fala com enfoque pessoal. 


Ref: Revista ACB 
Amélia Hamze 
Profª FEB/CETEC 
FISO e ISEB – Barretos/SP


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